quinta-feira, 18 de junho de 2015

A DIFÍCIL MISSÃO DE EDUCAR

Certamente você já ouviu alguém dizer que “ter filho é fácil, educar é que é difícil”. Eu não achei fácil fazer e estou achando muito, muito difícil educar. E não falo das birras, de impor limites, ensinar a dar “bom dia”, pedir “licença” ou dizer “obrigado”. Se isso faz parte do dia a dia da família, nem se preocupe, seu filho vai aprender apenas pelo exemplo.

O que tem tirado minha tranquilidade é o mundo em que vivemos. Um dia pipocam notícias sobre sequestros de crianças. Aqui mesmo no Recife, semana passada, uma mulher tentou levar uma menina de três anos de uma loja. Outro dia, foi o vídeo dos cachorrinhos mostrando que crianças são facilmente enganadas. Acho que não tem mãe que não se angustie diante dessa possibilidade. Mas, o que fazer para evitar? Como ensinar seu filho tão pequeno a se defender diante desse perigo. E pior, sem assustá-lo?

Eu e o pai de João mostramos a ele o vídeo do cachorrinho e explicamos que pessoas más podem querer levar crianças e que por não sabermos quem é bom ou mau ele não deveria falar com estranhos nem aceitar qualquer coisa. O que conseguimos? Assustar nosso filho, que por duas noites seguidas acordou me perguntando se ele “estava correndo perigo”. Fiquei muito mal com isso. Conclui que não devo repassar pra ele esse peso, que nós, adultos, devemos assumir essa responsabilidade e deixá-lo viver e ter uma infância leve.
                                                                          
                                        "É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais"
                                                                     (Coelho Neto)

Mas, vem cá: é prudente não prepará-lo para situações assim? Outro dia, a mãe de um amiguinho de João me contou que ensinou o filho a se soltar da cadeirinha do carro e sair rapidamente se ela assim o mandar. Medo de assalto.

Ok, neuroses dos nossos tempos. Precisamos encontrar a dose certa, né? Hoje de manhã, antes de sairmos, João me parece assustado, não quer ficar só. Procurei não dar atenção, dizendo que não havia razões para medo. Ele corre para o pai. Eu sem entender o que acontecia. O pai me conta que “desde ontem ele tá com medo do vizinho *“bate-bate”. E lá vou eu explicar que não havia razão para temê-lo e que, além de tudo, o apartamento dele fica em outro andar. Daí o menino aponta para o chão e diz: “mas e a de baixo?”. Mais um gol contra meu? É que sempre reclamo quando, à noite, João
começa a arrastar coisas e a fazer barulho e digo que a vizinha de baixo pode brigar. Óbvio que já expliquei sobre horários, descanso, respeito aos outros. Uma hora você apenas diz que “a vizinha vai brigar”.

Gente, como me sinto “menasmaim” ao contar isso. Sim, educar é difícil e pegar um atalho como este pode fazer mais estragos do que a gente imagina. A boa e velha paciência tem que entrar sempre em ação. No dia a dia descubro que educação também tem relação com saúde. E não adianta a gente se culpar pelo dia de ontem, pelo que já foi. É preciso também aprender e na próxima tentar acertar. E não esquecer que provavelmente, de novo, a gente vai errar. 

*Vizinho bate-bate é a forma "tiradora de onda" de João se referir ao nosso vizinho de garagem que tem 110% do carro batido.  

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