Certamente você já ouviu alguém
dizer que “ter filho é fácil, educar é que é difícil”. Eu
não achei fácil fazer e estou achando muito, muito difícil educar.
E não falo das birras, de impor limites, ensinar a dar “bom dia”,
pedir “licença” ou dizer “obrigado”. Se isso faz parte do
dia a dia da família, nem se preocupe, seu filho vai aprender apenas
pelo exemplo.
O que tem tirado minha tranquilidade
é o mundo em que vivemos. Um dia pipocam notícias sobre sequestros
de crianças. Aqui mesmo no Recife, semana passada, uma mulher tentou
levar uma menina de três anos de uma loja. Outro dia, foi o vídeo
dos cachorrinhos mostrando que crianças são facilmente enganadas.
Acho que não tem mãe que não se angustie diante dessa
possibilidade. Mas, o que fazer para evitar? Como ensinar seu filho
tão pequeno a se defender diante desse perigo. E pior, sem
assustá-lo?
Eu e o pai de João mostramos a ele o
vídeo do cachorrinho e explicamos que pessoas más podem querer
levar crianças e que por não sabermos quem é bom ou mau ele não
deveria falar com estranhos nem aceitar qualquer coisa. O que
conseguimos? Assustar nosso filho, que por duas noites seguidas
acordou me perguntando se ele “estava correndo perigo”. Fiquei
muito mal com isso. Conclui que não devo repassar pra ele esse peso,
que nós, adultos, devemos assumir essa responsabilidade e deixá-lo
viver e ter uma infância leve.
(Coelho Neto)
Mas, vem cá: é prudente não
prepará-lo para situações assim? Outro dia, a mãe de um amiguinho
de João me contou que ensinou o filho a se soltar da cadeirinha do
carro e sair rapidamente se ela assim o mandar. Medo de assalto.
Ok, neuroses dos nossos tempos.
Precisamos encontrar a dose certa, né? Hoje de manhã, antes de
sairmos, João me parece assustado, não quer ficar só. Procurei não
dar atenção, dizendo que não havia razões para medo. Ele corre
para o pai. Eu sem entender o que acontecia. O pai me conta que
“desde ontem ele tá com medo do vizinho *“bate-bate”. E lá
vou eu explicar que não havia razão para temê-lo e que, além de
tudo, o apartamento dele fica em outro andar. Daí o menino aponta
para o chão e diz: “mas e a de baixo?”. Mais um gol contra meu?
É que sempre reclamo quando, à noite, João
começa a arrastar coisas e a fazer
barulho e digo que a vizinha de baixo pode brigar. Óbvio que já
expliquei sobre horários, descanso, respeito aos outros. Uma hora
você apenas diz que “a vizinha vai brigar”.
Gente, como me sinto “menasmaim”
ao contar isso. Sim, educar é difícil e pegar um atalho como este
pode fazer mais estragos do que a gente imagina. A boa e velha
paciência tem que entrar sempre em ação. No dia a dia descubro que
educação também tem relação com saúde. E não adianta a gente
se culpar pelo dia de ontem, pelo que já foi. É preciso também
aprender e na próxima tentar acertar. E não esquecer que
provavelmente, de novo, a gente vai errar.
*Vizinho bate-bate é a forma "tiradora de onda" de João se referir ao nosso vizinho de garagem que tem 110% do carro batido.
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